Siamese Fiction

Wednesday, October 22, 2008

Olá!
Aqui estou testando o post de uma música.
Será que vai funcionar?
Vamos ver.
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Funcionou?

Wednesday, February 01, 2006




Café da manhã cubano, almoço cubano – é tudo uma delícia!

Para quem acredita nestas histórias de gomas de mascar servidas no café da manhã vai ser difícil processar as imagens ilustrando este texto (acima). Para quem acha que Cuba é lugar de gente pobre e mal-comida – ham-ham –, melhor dizendo, que não come bem, lamento desapontá-los, mas a verdade é que a comida cubana oferece iguarias riquíssimas como o famoso arroz criollo, o “oh, Dios mio!” porco criollo, a “más que rica!” lagosta criolla e a inigualável mesa de queijos e vinhos criollos (como se vê em uma das fotos). Para quem gosta de uma ficção bem contada, cheia de tons e fatos surreais, pode parecer divertida a idéia de receber chicletes (criollos ou não) na sua refeição – eu mesmo achava cômico e insano os irmãos Baudelaire sendo alimentados com tal “quitute” na serraria baixo-astral –, mas passa muito longe da verdade essa “excentricidade”...

O fato é que, enquanto estive na escola, todos os dias pela manhã, bem cedo, eu e Gabinha nos refestelávamos em uma mesa de café exatamente como se encontra arranjada na gravura (a de queijos, frutas e vinho). Eu concordo que é um tanto excêntrico oferecer vinho tinto – e de ótima qualidade! – para os alunos pela manhã, mas essa é uma escola de arte para artistas e, bem, vocês sabem que os artistas precisam de um tanto de estímulo para criarem algo que se possa chamar de arte – e haja álcool! Delicioso, para dizer o mínimo, esse café está aqui guardado na minha memória para a eternidade, onde, eu creio, deve haver muito menos variedade, quantidade e diversidade, considerando que vou passar a eternidade no paraíso e lá a gula não deve ser bem-vinda (que inferno!). Gabinha sorria todo tempo, ao meu lado, a cada pedaço de queijo saboreado, seus olhinhos brilhando de alegria. “Salve, Salve, ó divina comida cubana!” era tudo que eu conseguia falar. Gabinha não parava de sorrir, e ria ao mesmo tempo que comia. Às vezes eu a via derramar uma lágrima no canto do olho de tanta emoção e prazer. Pudera, né? Uma mesa de café sortida daquelas a gente não vai mais encontrar nem no céu!

Olha, depois de uma alimentação como esta não tem como a pessoa não passar o resto do dia bem, né? E era assim que acontecia e ainda acontece (só para Gabi que continua no deleite da culinária cubana todos os dias), a disposição para enfrentar o dia se torna grande! E toda essa energia é renovada no almoço quando é servido algum prato tipo a lagosta “ave, ave!” criolla. Hmm... Só de lembrar minha boca enche de água. Como posso, oh meu Deus, encarar agora aquele feijão com arroz que me aguarda dia após dia? Como? (Sim, eu como, mas como?).

(Suspiros).

Saudoso e inspirado eu fico, e, com isso, finalizo em forma de poema o texto, que é a melhor forma de meus sentimentos retratar:

Fica no meu peito a vontade de voltar
E reencontrar a Gabinha
Junto a um prato de comida
Que só a cozinha cubana pode nos preparar.

Nossos planos de casar e viver em Cuba
Estão agora mais do que fortes, fortíssimos,
E, assim sendo concretizados,
Felizes receberemos todos os amigos
Para um pouco deste gozo
Todos juntos, em uníssono, podermos celebrar

(Risos descontrolados)

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E viva a ficção! Não?

De qualquer modo, a verdade é que dentro de qualquer ficção se tira alguma coisa que já foi vista por alguém na realidade. Eu mesmo já vi um elefante voando, e não era o Dumbo (conto depois, prometo), e na minha ficção pobre de parágrafos acima certamente há muitos dados coletados do real. Não é uma maravilha isso? De fato, enquanto estive em Cuba, o dia-a-dia me pareceu super agradável, lindo. É claro que tal prazer não veio dos cafés tomados, mas da companhia da minha amada Gabinha. E é verdade que desciam lágrimas de alegria pelo rosto dela (e também pelo meu) em ocasiões diversas. É verdade que tem lagosta. E é verdade que tem chiclete. Mas a verdade é que foi tudo ótimo enquanto estive lá. E, sim, é verdade que o café da manhã vai mesmo ficar na minha memória para toda a eternidade (risos). Mas não cabe aqui contar nada destas coisas verdadeiras, acontecimentos concretos, as coisas feias e também as belas do passar de dias, porque ninguém vai achar graça e tudo vai ficar muito chato. Todo mundo enche o saco das coisas boas e ruins do cotidiano. Eu já enchi o saco do meu crocodilo Antunes, antes tão fofinho. E é tudo uma tosqueira nesse mundo. Salvador é tosca, Cuba é tosca, o Brasil é tosco, o Japão é tosco, a Europa é tosca, porque tem gente em todo lugar – e gente é tosca!

E, depois de um paragrafão como este aí acima, vamos à síntese maravilhosa, ultra-cool e preguiçosa-que-só do autor, em forma de lições e citações. Que tal, hein? Que tal?

Lição de hoje:
- Quem vive de ficção não precisa de um bilhão... mas aceita de bom grado.

Lição de hoje ainda mais importante:
- Quem tem um bilhão vive em um mundo de ficção! Oba! Eu quero!

Citação do dia – extraída de uma música de um desconhecido metido a besta que encontrei por aí:
- A sua vida é a ficção preferida por mim/ E a desventura em quem me encontro é querida por ti.


Um brinde a todos! Saúde!

Rafa.

P.S 1 A foto dos queijos foi tirada em um restaurante de Havana (chamado Maraka´s). É a foto de uma foto, claro, vocês perceberam... (risos). Isso não é motivo, contudo, para se afirmar que nunca se poderia comer, em Cuba, uma mesa farta como aquela na foto. Eu e Gabinha comprovamos com nossos próprios olhinhos estupefatos a riqueza de mesas parecidas no banquete de natal que filamos em um hotel de Varadero. Hmm! Mama mia!

P.S. 2 A outra foto retrata dois pratos distintos de lagosta que comemos na escola mesmo. E é delivery! Você liga para um rapaz que prepara o prato e te manda. Luxo.